Santo remédio

Uma senhora procurou o sacerdote para se desabafar e pedir conselho; sentia-se mal de alma e corpo... já estivera no médico e constatou a presença de uma úlcera no estômago. Ela estava muito nervosa, tinha medo de uma cirurgia e estava pensando em fazer uma série de preces, uma novena, uma promessa para se livrar da cirurgia. No meio da conversa, o padre perguntou:

- Existe alguma pessoa atravessada na sua vida? Brigou com alguém? Guarda rancor de alguém?

- Tenho sim - respondeu logo. É um rancor muito forte, mas muito justo, nem posso perdoar; estou com razão, a vizinha me ofendeu demais.

- Jesus disse uma vez que não é nenhuma vantagem fazer o bem a quem nos faz o bem, até os pagãos fazem assim. A nobreza da alma está em a gente pagar o mal com o bem. No seu caso, não se deve perguntar se o rancor é justificado ou não... mesmo que a senhora tenha razão, os motivos para perdoar são maiores e, se não perdoar, não adianta rezar nem fazer novenas para se livrar da úlcera...

Ela ficou pensativa... rezaram juntos um Pai Nosso e a mulher se retirou. Chegando em casa, o marido também pediu que ela perdoasse a vizinha... ela resistiu, o marido insistiu e sugeriu que rezassem até que ela sentisse que deveria perdoar. No meio da oração, ela se rendeu, foi tomada de grande calma e paz. Dias depois a mulher foi ao hospital a fim de submeter-se a novo exame e, se preciso, marcar o dia da cirurgia. Inexplicavelmente, a úlcera havia desaparecido, disse o médico.

Inexplicavelmente? Não... havia uma explicação: aquela úlcera fora causada pelo ódio e rancor. Desaparecido ele, também a doença retrocedeu. O perdão é um santo remédio!

Clóvis Bovo