Que tipo de terreno é o nosso coração?

No Evangelho de hoje temos um exemplo de explicação da parábola do semeador feita pelo próprio Jesus. Essa parábola conta a aventura da Palavra em cada um de nós. Jesus é, ao mesmo tempo, semeador e semente. Ele semeia por Sua presença, por Suas atitudes, por Suas palavras, pelos sinais que realiza, por Seus silêncios. Aquilo que a terra é para a semente, o ser humano é para a Palavra. O ser humano a acolhe e lhe dá vida ou a recusa e nega-lhe a vida. Os quatro tipos de terreno são dimensões de escuta, de reação à Palavra que convivem em nós.

A parábola do semeador é sempre atual pois aquilo que Jesus encontrou em seus contemporâneos é o mesmo que a Igreja encontra no anúncio a todas as gentes, em todo tempo e lugar. A semente é boa, mas os terrenos em que ela cai nem sempre. Vida da gente, coração da gente, cabeça da gente é como água de rio que nunca é a mesma. Tem coração fechado como pedra; tem coração estalando como fogo em roça de cana; tem coração raso e tem coração que é só fartura de coisa boa!

Jesus não está preocupado em padronizar os resultados pois há espaço suficiente para a diversidade. Alguns produzem cem, outros sessenta, outros trinta. Jesus não cobra resultados. O Reino de Deus conta com a libertade de respostas e com as surpresas de colheitas abundantes, mesmo que aconteçam as inevitáveis desilusões. Para que a Palavra tenha mais espaço em nós, temos que arar a terra seca, afastar as pedras e eliminar os espinhos. É um processo indispensável, difícil e que nunca acaba, mas que promete muitos frutos.

- Pe. Antonio José de Almeida -